Alguns, apercebendo-se que não haverá missão de resgate começam a construir uma embarcação a fim de explorar o oceano que os cerca.
Outros criticam, invejando a audácia deles, dizendo que há-de vir alguém para os salvar, que apenas é preciso rezar ou comunicar com o centro de comando e aguardar.
Em poucos dias há já diversos grupos dispersos ao longo da ilha a construir vários tipos de barcos, ajuda a passar o tempo. Os lideres baptizam as embarcações, “Evangélica”, “Ortodoxa”, “Cristã”, “Buda”, “Islâmica”, “Tibetana”…etc.
Alguns estranham a maneira como algumas embarcações se parecem e daí ás criticas é um instante, “olha para aquela quilha, nunca se aguentará…e o mastro? O ímpeto inicial de construir esmorece e passam o tempo a criticarem-se uns aos outros, este ambiente inibe aqueles que têm novas ideias de construção e poucos são os que escapam ás sabotagens e guerrilhas.
O Oceano parece entristecer.
Quando as desculpas para as contendas parecem diluir, voltam á construção mas precisam de trabalhadores e começam a aliciá-los com promessas, dizendo que são os únicos que sabem o caminho, a direcção certa.
A toda a volta da ilha há embarcações e todos dizem estar a apontar no rumo certo, que são os únicos com as coordenadas exactas. As pessoas começam a desconfiar de todos, não podem estar todos certos...ou podem?
Um homem, ainda sem grupo, senta-se ao pé do Mar e pergunta baixinho para os seus botões - Qual deles está certo, que embarcação zarpará no rumo certo?
Nisto ouve uma voz suave - Meu filho… todos estão certos.
-Mas …como? Quem fala, quem és tu?
-Eu sou a razão da tua existência, eu sou o Mar que te envolve e preciso de todo o tipo de embarcações que apontem em todas as direcções, eu sou o Mar e quero ser explorado, descoberto e entendido… por vocês; entristece-me quando vos vejo a discutir, pois perdem tempo e esquecem-se do vosso principal propósito.
- Principal propósito?
- Sim meu filho, encontrares-te através de mim.
Através de mim saberás quem és.
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